terça-feira, 13 de novembro de 2007

Os semifinalistas do Prêmio Cultura Viva no Centro Cultural da UFMG

Estilo Cultura

E para a Dayane, que gosta de moda, aí vão alguns estilos do pessoal que transitava pelos prédios públicos de Belo Horizonte:

Dom


O modelito de Dayane no texto abaixo foi todo produzido dentro da Ação Comunitária do Brasil, do Rio de Janeiro. Um grupo de pessoas cuida do estilo das peças, outro da costura e as estampas ficam por conta de Paula, Natalie, Charles e Dom, todos jovens de 16 a 21 anos.

Dom é o nome de José Odair de Oliveira, o mais velho do grupo, que desenha desde os 7 anos, quando ainda era um menino em Bonsucesso, na capital carioca. Na época, sua mãe fazia aulas de ginástica na Ação Comunitária e ele perguntou a ela se na ONG tinha algum curso de desenho.

Com 8 anos, Dom foi aperfeiçoar sua técnica na Ação e hoje trabalha com serigrafia. Também estuda no segundo ano do segundo grau e pensa em fazer um curso de arte quando se formar no ensino médio.

Pelos seus desenhos, recebe uma quantia da ONG e ajuda a família em casa. Mora com os pais e três irmãos. "Desenhar me traz paz, me trouxe amigos. Não sei se conseguiria fazer outra coisa", conta.

Garota carioca, suíngue e sangue bom


Dayane desfila um dos modelos da Ação Comunitária. A foto eu peguei no orkut dela, com autorização da própria.


Dayane Rocha tem 16 anos e é modelo e manequim da Ação Comunitária do Brasil, no Rio de Janeiro. Carioca da Cidade Alta, na zona norte, a adolescente freqüenta a organização desde os seus 14 anos. Mesmo pequenina, sonha em continuar nas passarelas e vai continuar nesse mundo por qualquer porta de entrada: "Além de desfilar, faço um curso de moda e quero fazer faculdade disso. Há seis meses sou uma das bordadeiras da Ação Comunitária. Acho que cada um deve saber um pouco de cada coisa", garante Dayane.

A menina, que mora só com a mãe, também já conheceu o presidente Lula, em um desfile que fez no começo do ano. "Apareci até no Jornal O Dia", diverte-se. Do dia 6 a 11 de janeiro, Dayane estará no Fashion Rio, um dos maiores eventos de moda do Brasil.

domingo, 11 de novembro de 2007

O Auto do Boi de Reis imortalizado

Antes de morrer, o Mestre Manoel Marinho, do bairro de Felipe Camarão, deixou um cd gravado com 18 músicas sobre o Auto do Boi de Reis, uma das manifestações culturais da comunidade Portiguar.

Para ouvir a música "Na chegada desta casa", clique aqui.

A Mulher e o cooperativismo

É só dar uma passada de olho na Feira Mineira de Economia Solidária para ver que a mulherada é maioria nos stands. Mesmo assim, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a participação das mulheres nesse tipo de geração de renda ainda é tímida, apesar de aumentar cada vez mais.

Dos 5,7 milhões de cooperados no Brasil, 25% é feminino. Algumas cooperativas mantém núcleos de mulheres, como a Cooplana (Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba/SP), outras já são formadas exlusivamente por mães, ex donas-de-casa, chefes de família, como a Coopermulher.

Esses números da OCB são de uma pesquisa realizada em 2005, por isso, olhando para a Feira Mineira, eu acho que eles estão desatualizados.

Simplicidade e arte




Tereza Cristina, Eliane de Freitas e Maria Moreira exibem seus produtos no mesmo stand da Feira Mineira de Economia Solidária, mas cada uma delas vende algo diferente. Tereza produz panos de pratos, roupas, artesanatos em biscuit, aquela massinha que serve para modelar tudo o que a imaginação permitir. Já Maria faz tapetes e Eliane, vestidinhos para crianças, um mais bonito do que o outro.

Todas são mineiras, mães e artesãs. Pertencem a cooperativas e são chefes de família ou ajudam na renda familiar. Tereza integra a cooperativa Mulheres Mãos Amigas, de Contagem, Minas Gerais. Eliane é da Socups e Maria da Grupeci, ambas de Belo Horizonte.

Tereza era voluntária em uma escola e fazia oficina de artesanatos. Gostou, aprendeu e passou a ensinar a arte para 15 mulheres, que também estão na cooperativa. Eliane já fazia vestidinhos e foi chamada para instruir 9 mulheres de vários bairros da capital de Minas. Maria, freqüentava as reuniões do bolsa-família e foi apresentada ao trabalho comunitário.

"O bolsa-família quer uma independência financeira das pessoas que recebem a ajuda do governo, por isso incentiva que se montem cooperativas", explica Tereza, que também é agente de desenvolvimento local. Ela, mãe de duas filhas gêmeas de 10 anos, é responsável por manter a família com o dinheiro que ganha do artesanato e do trabalho como agente.

Já Eliane é casada e tem três filhos. Dois já saíram de casa e ela sustenta só um, o de 16 anos, junto com a renda do marido. E Maria, também casada tem duas filhas. Nenhuma delas se conhecia e passaram a ser amigas naquele stand colorido.

sábado, 10 de novembro de 2007

Mais curiosidades

E quem nasce no Rio Grande do Norte é chamado de Potiguar por conta da tribo indígena que ocupava a faixa litorânea do estado e também da Paraíba. Se Poti quer dizer Camarão, Potiguar significa comedor de camarão. Delícia!

Quem foram Felipe e Clara Camarão?


Felipe Camarão na arte de Victor Meirelles


Felipe Camarão era o nome de branco dado para o índio Poti, da tribo Potiguar que habitava o Rio Grande do Norte. Nasceu no séxulo XVII em Igapó, Natal, e recebeu esse nome para homenagear Dom Felipe II. Além disso, Poti na língua indígena significa Camarão.

O índio foi um dos heróis das Batalhas dos Guararapes, que determinaram o fim do domínio holandês no Nordeste Brasileiro. As batalhas ocorreram no Monte Guararapes, onde hoje está localizado o bairro de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife. Junto com o índio Poti, são considerados heróis das batalhas o negro filho de escravos Henrique Dias, e o português Antônio Dias Cardoso.

Mas a companhia mais agradável de Felipe Camarão na luta pela libertação do povo nordestino era sua esposa, Clara Camarão. Também índia, não há registros de seu nome potiguar. Clara era responsável por comandar um exército de mulheres que teve atuação decisiva na batalha de Porto Calvo, em 1637.

Hoje, Felipe Camarão é o nome do bairro onde estão a ONG Conexão Felipe Camarão e a Escola Estadual Clara Camarão, juntas na luta pelos direitos e deveres de crianças, adolescentes e jovens.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Fui!

É o seguinte, pessoal: hoje tirei a manhã para conhecer mais personagens do TEIA. Conversei com muita gente, mas agora só terei tempo de escrever amanhã. Apesar de ser fim-de-semana, prometo atualizar o blog e aproveitar para descarregar as fotos e contar mais histórias do TEIA.

Agora tenho que correr para o hotel, buscar a mala, ir para Confins e embarcar para São Paulo, onde espero chegar para comer o último brigadeiro de uma festinha de criança. Foi um grande prazer estar nessa cidade, ser recebida pelos mineiros com tanto carinho, participar desse evento bacana, escrever esse blog, conviver com os queridos amigos do Prêmio Cultura Viva, ouvir histórias fantásticas, aprender algo novo a cada esquina e encontrar pessoas de todos os tipos, tamanhos e sabedorias por aqui.

Espero que estejam gostando do blog, mas ainda não acabou não! Até mais!

Histórias de Caicó

O Mestre mamulengueiro do bairro de Felipe Camarão se chamava Chico de Daniel. Isso porque era filho de Daniel e o nome do pai acabava virando um sobrenome. Acabava e ainda acaba em Caicó, no Rio Grande do Norte.

O filho de Chico de Daniel, hoje o mamulengueiro da Conexão Felipe Camarão, se chama Josival de Chico de Daniel. "Além do nome do pai e do avô, o filho herda a arte da família e a responsabilidade de contar essa história. Às vezes os filhos até brigam para saber quem continuará com a arte do pai", conta Lúcia. Josival, no caso, acompanhava o pai Chico na arte mamulengueira desde cedo, por isso herdou o baú dos bonecos.

Ah! Lúcia é filha de Quinca de Bento e, assim, neta de Bento. Mas não chama Lúcia de Quinca de Bento. Seu nome é Lúcia de Fátima Costa.

Educação e cultura no mesmo caminho

Rosângela e Lúcia, do bairro de Felipe Camarão



Sentada uma ao lado da outra, Lúcia e Rosângela vieram ao TEIA para falar sobre os projetos do Ponto de Cultura Conexão Felipe Camarão, do bairro de Felipe Camarão, na zona oeste de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Embora o assunto seja o mesmo para as duas, Lúcia e Rosângela desempenham papéis diferentes na história da Conexão. Lúcia é uma das coordenadoras da ONG e Rosângela é diretora da Escola Municipal Clara Camarão. Mas seus caminhos foram cruzados porque, além de ONG e escola ficarem a quatro quarteirões de distância uma da outra e as crianças serem comuns aos dois espaços, os objetivos de ambas eram e são muito parecidos: oferecer caminhos diversos aos pequenos moradores do bairro. Caminhos que poderão ser trilhados a partir da cultura, da arte e da educação, uma junto com a outra.

"A Conexão Felipe Camarão é um projeto patrocinado pela Petrobrás e pela Lei de Incentivo do Ministério da Cultura e atua na comunidade com ações culturais socioeducativas para crianças, adolescentes e jovens de 4 a 24 anos", explica Lúcia.

Na ONG ocorrem oficinas como a de rabeca, instrumento confeccionado pelos próprios meninos e meninas, que aprendem a tocá-los depois nas aulas de música. Das oficinas, inclusive, foi montada uma orquesta de rabeca que se apresentará amanhã, dia 10, com Jards Macalé. Há também a oficina de flauta pífano; o teatro de bonecos mamulengos João Redondo; a de boi de reis; a de percussão como o coco de zambe, caboclinhos, batuque de índio; e a de capoeira.

Além das oficinas, a ONG participa da Associação Griô Nacional, de um projeto do MEC para realizar ações educativas complementares e é um Ponto de Cultura, onde crianças e jovens aprendem a linguagem audiovisual e produzem vídeos sobre a comunidade.

"Todas as nossas atividades são fundamentadas na cultura de tradição oral e musicalidade oral", conta Lúcia. No bairro de Felipe Camarão, três mestres deixaram seus ensinamentos para as próximas gerações e são eles que são difundidos pela ONG.

O Mestre Manoel Marinheiro era a figura principal das manifestações culturais de Boi de Reis e hoje, já falecido, deixou para a esposa e a filha o legado de serem Griôs. Já o Mestre Chico de Daniel, também já falecido, era o mamulengueiro do bairro e deixou seus bonecos para o filho Josival, que hoje é o oficineiro da Conexão Felipe Camarão. O Mestre Cícero da Rabeca é o único vivo, com 86 anos.

Educação e cultura de mãos dadas

A parceria com a escola Clara Camarão começou em 2004, já na gestão de Rosângela. Nessa época, a escola era aberta nos fins-de-semana para os alunos que não tinham outros espaços de lazer na comunidade. Era o período em que a Conexão aproveitava para fazer suas oficinas dentro da escola.

"Eu abri a escola para a ONG e a comunidade porque achava importante que essas crianças estivessem inseridas em alguma atividade", lembra Rosângela. A parceria deu certo e gera resultados: "Essa criança que participa tanto da escola, quanto da conexão tem uma formação diferenciada de outra que não participa. Com as nossas rodas de conversa e as nossas atividades eles tem o entendimento do que é ser cidadão. Até para questionar se esse é o modelo de ONG ou escola que ele quer", garante Lúcia.

No começo do ano, a Conexão e a Clara Camarão começaram a trabalhar os conteúdos escolares juntas. "Se o menino ou a menina vai aprender a ler e a escrever, porque não pode ser com uma música que faz parte da realidade dele?", questiona Lúcia. Rosângela concorda, mas ainda enfrenta resistência de alguns professores. "Eles ficam ressabiados no começo. Hoje já temos 13 professores trabalhando esses conteúdos."

Essa aproximação do conteúdo escolar com a vivência diária no bairro é importante também para o resgate da cultura e a valorização de Felipe Camarão. "Se as crianças não conhecem o valor simbólico e cultural de sua comunidade, como valorizará aquele ambiente?", pensa Lúcia. "Estamos levantando a arte e a cultura de Felipe Camarão por meio das crianças, dos adolescentes e dos jovens."

Hoje, 400 meninos e meninas do bairro freqüentam as atividades diariamente.

Ufa, achei uma Lan House!

Começo meu dia de hoje aqui no blog (aqui no blog, porque na vida real o dia começou faz tempo) pedindo mil desculpas pela falta de atualização pela manhã. Acordei atrasada (às 8h, gente. Tinha me programado para acordar às 6h, como nos outros dias) e saí correndo enlouquecida para mais um dia do TEIA, o último meu por aqui. Explico: hoje volto para São Paulo, embora o evento tenha mais dois dias. Não poderei ficar o fim-de-semana, mas vou buscar todas as informações possíveis sobre o sábado e o domingo do TEIA para manter vocês informados.

Continuando: tomei um banho correndo (gelado!), engoli o café da manhã e fui para o Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais, ali bem perto da Praça da Estação onde estão ocorrendo os shows dos Pontos de Cultura com artistas consagrados da música popular brasileira. Eu não consegui assistir a nenhum show porque aqui muitas coisas boas ocorrem ao mesmo tempo, mas soube que todos foram ótimos, em especial o Fagner. Mas isso quem me contou foi o povo do Nordeste do Prêmio Cultura Viva que está hospedado no hotel ao lado do meu e eles AMAM o Fagner mais do que gostam de Martinho da Vila, Rapin Hood e Clube da Esquina. Cada região brasileira será representada por um Ponto de Cultura e um cantor, chamado de padrinho.

No Centro Cultural, fui para dar uma olhada nas oficinas do pessoal do Cenpec com o Prêmio Cultura Viva, mas acabei encontrando outros assuntos tão interessantes quanto, como a Conexão Felipe Camarão, que é a postagem a seguir.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Solta a voz!

No Conservatório Mineiro de Música, prédio construído em 1926 e entregue em 1950 para a Universidade Federal de Minas Gerais, os semifinalistas do Prêmio Cultura Viva se reuniram a tarde para se conhecerem pessoalmente. Teve gente de todas as partes do Brasil, empolgada para apresentar sua cultura regional.

Célio Turino, do MinC, esteve presente e explicou porque o Ministério investiu no Prêmio Cultura Viva. "A idéia de se premiar foi para estabelecer um diálogo com essas iniciativas que vai além dos Pontos de Cultura. Queremos desenconder o Brasil", falou.

Para o ano que vem, Turino quer investir na formação dos semifinalistas da primeira e segunda edição.

Depois, o pessoal do Conservatório apresentou o prédio, que é patrimônio histórico, e explicou um pouco sobre o surgimento de Belo Horizonte.

O pessoal do Centro-oeste soltou a voz

A She, formadora e pesquisadora do Cenpec, dividiu o grupo por regional e cada um teve que apresentar algo típico de sua região. A música foi uma unanimidade e ouvimos diversas cantigas e danças típicas. Teve gente que soltou o gogó, teve gente que tirou o outro para dançar, teve gente que ficou meio acanhado, cantando baixinho atrás do colega. Até o pessoal do Cenpec fez uma dramatização da correria que é fazer o Prêmio Cultura Viva. Eu, como sou do Cenpec, fiz uma participação especial. Mas morri de vergonha.

Adivinha só se esse grupo com o berimbau não era do Nordeste

Amanhã os grupos voltam a se reunir, dessa vez não mais separados por regiões.

Artista do Nós do Morro, Ponto de Cultura do Rio de Janeiro

Cacos de vida

Gabriel Joaquim dos Santos foi analfabeto até os 36 anos. Depois disso, aprendeu as letras com um menino, seu vizinho. Nunca casou, nem teve filhos. Trabalhou, entre outras coisas, como pedreiro e passou a juntar cacos para construir a Casa Flor. Uma casa feita de cacos, de telha, de vidro, de esperança, em São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro. Seu Gabriel morreu em 1985 e queria que a Casa Flor fosse de todo o povo brasileiro. Patrimônio da humanidade do Brasil.

Abaixo, Suassuna lê uma carta escrita por Seu Gabriel sobre a construção de sua casa. Da nossa casa.

Cultura do Brasil ou Cultura Brasileira?

Em 2007, são comemorados os 80 anos de Ariano Suassuna, pernambucano, teatrólogo e dramaturgo, autor de obras de arte como o Auto da Compadecida e um grande defensor da cultura brasileira. Eu tinha perdido a aula-espetáculo dele no mês passado, lá no Memorial da América Latina, em São Paulo, mas ganhei a chance de vê-lo aqui em Belo Horizonte, no Palácio das Artes. Bom para dar um fôlego novo na vida.

Suassuna é um sujeito que transpira esperança. Fala de um jeito engraçado, como se estivesse contigo sentado na mesa de um boteco depois do expediente, pensando coisas sérias em meio a muitas risadas. Como um amigo de infância.

O teatrólogo começou falando de futebol e de sua paixão pelo Sport Recife (em São Paulo, ele é Santos e no Rio, Botafogo - desde que esses não joguem contra o Sport); de como as jogadas de Robinho, ex-atacante do Santos, lhe recuperam a alegria de assistir a uma boa partida de bola; de como a ginga brasileira é única. Falou de Garrincha, de Seleção Brasileira, da final da Copa do Mundo de 50. E eu, apaixonada por futebol do jeito que sou, me senti ainda mais em casa.

Depois, Suassuna passeou mais um pouco nas palavras, nas citações e nas histórias e nos deu uma aula (por isso se chama aula-espetáculo) sobre arte brasileira. "Não arte no Brasil, porque esse termo é preconceituoso", acrescentou.

Quando ainda era professor no Recife, Suassuna dava aula de cultura brasileira e certo dia a reitoria da universidade pediu que a aula fosse chamada de cultura no Brasil. "Por que não Cultura Brasileira?", perguntou. "Porque a cultura não é brasileira, a cultura do Brasil é só um episódio na Cultura Ocidental", lhe explicaram.

Mas que absurdo, ele achou. "A cultura brasileira existe sim e vou provar". Então, ele fez uma brincadeira na platéia. Ele colocaria uma música, sem voz, somente instrumental, e nós teríamos que adivinhar de qual parte do mundo ela era.



"Isso é cultura espanhola. E por que não pode ter cultura brasileira? Agora vou colocar outra música e vocês falam da onde é":



Isso é cultura brasileira!

Mais frases e histórias de Suassuna

"Aurélio Buarque de Holanda, o do dicionário, tem uma boa história sobre o fardão usado na Academia Brasileira de Letras. Quando ele ia para a academia, ele levava o fardão em uma sacola e vestia quando chegava lá. Então, um dia ele saiu atrasado, colocou a farda em casa e desceu correndo para pegar um táxi. O taxista olhou para ele e disse:

- Sois rei?
- Não, não sou rei não, mas ande depressa que eu estou atrasado.
- Não se preocupe, que uma pessoa vestida desse jeito, as outras só começam a falar quando ela chegar."

"Se meu País não me quisesse mais e me expulsassem daqui, eu ia embora para Portugal, porque é o único povo da Europa que tem o bom senso de falar português."

"Um jornalista escreveu que eu falava essas coisas sobre o povo brasileiro e quando eu não tinha mais o que falar, eu inventava. É verdade. Eu não sou sociólogo. Eu sou romancista e dramaturgo, então eu minto."

"Eu sou contra falar mal na presença da pessoa porque eu acho uma falta de educação. Não custa nada a gente esperar o outro sair."

"Alceu Amoroso Lima dizia que do Nordeste para Minas corre um eixo que não por acaso segue o curso do Rio São Francisco. A esse eixo o Brasil deve voltar de vez em quando para não se esquecer de que é Brasil."

"Eu tenho viajado o mundo inteiro e o Brasil é uma unidade milagrosa. Tem umas coisas misteriosas que acontecem por aqui. De repente aparece uma frase genial que se espalha pelo Brasil todo. Eu tenho impressão que é um homem de Goiás quem diz. Ele fica lá, na forma, esperando algo acontecer e de repente ele fala alguma coisa."

"Nenhuma tirania resiste a uma gargalhada que dê três voltas em torno dela."

"A Suiça, por exemplo, Deus me livre nascer em um lugar daqueles. Que país complicado. São 3 línguas. Se eu nascesse em um lugar desses, eu nascia mudo."

"Eu falo português porque além de ser a língua mais bonita do mundo é a mais fácil. Não precisa nem estudar para saber."

"Pergunte para o mineiro mais analfabeto de Belo Horizonte o que é isso (mostrando um copo) e ele vai dizer: é um copo. E em inglês? Não sabe. Mas em inglês, isso se chama glass. E, veja que língua pobre, vidro também é glass. Sabe o que é isso (mostrando o copo novamente)? É glass de glass."

Frases e histórias de Suassuna


"Minha voz é feia, fraca, baixa e rouca e eu tenho um pigarro desagradável. Hoje sou Secretário de Cultura do Governador Eduardo Campos e já fui Secretário de Cultura do Governador Miguel Arraes, que também pigarreava. E o pessoal achava que eu imitava o chefe."

"Queria começar explicando a minha roupa. Até 1981 eu me vestia como todo mundo; paletó e gravata. Li um artigo de Gandhi que dizia que um indiano pertencente às classes privilegiadas que amasse seu povo não devia usar uma roupa tradicional feita pelos ingleses. Isso seria, além de uma ofensa ao povo indiano, uma forma de tirar uma das únicas fontes de renda da mulher hindu, que era a costura. Então eu não uso mais não. Só uso roupa feita pela costureira."

"Comecei a namorar minha esposa, que está aqui na platéia, em 20 de agosto de 1947. Fizemos 60 anos de namoro, que não acabou, nem acabará."

"Quando eu decidi só usar roupas da costureira, mandei fazer uma branca, uma de mescla azul e uma cáqui. Acontece que eu comecei a ser barrado. E eu achei muito bom. Tenho vocação para ser barrado, o que mostra que não tenho cara de autoridade."

"Três anos depois (de optar pelas roupas da costureira) o presidente de Portugal Mário Soares me deu uma medalha. No convite da cerimônia de entrega estava escrito: Traje esporte fino. E eu pensei 'o que é um traje esporte fino?' Então eu me lembrei que sou torcedor do Sport. A finura ficou por conta do tecido da camisa. E esses são meus trajes para cerimônias (vestindo as cores do Sport Recife: preto e vermelho)."

"Na Academia Brasileira de Letras, eles usam um fardão de cor preto esverdeado, todo enfeitado com bordado imitando ouro. Quando fui eleito para a academia, recebi uma ligação com aquele sotaque desagradável, que já me disseram que é uma média do sotaque do Rio de Janeiro com o sotaque de São Paulo.

- Bom dia, seu Suassuna? Eu sou o costureiro da Academia Brasileira de Letras e vou fazer a sua farda (imitando o sotaque).

- Pode ir falando aí que quem vai fazer a minha farda é a Dite."

*** Depois escrevo mais histórias porque meu tempo aqui no computador acabou.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Até amanhã

São 23h31, não deu tempo de jantar, eu estou escrevendo desde cedinho e ainda tem bastante assunto para postar, mas chega por hoje. Amanhã é dia de acordar muito cedo, porque o bom-dia será por conta do Ariano Suassuna.

Ah, a outra boa notícia é que consertaram o meu chuveiro!

Pronto, agora sim o TEIA começou!

Augusto Boal, pai do Teatro do Oprimido


Em seguida a entrega da OMC, foi a vez do evento de abertura do TEIA, também com as presenças de todos os ministros, secretários, deputados, prefeito e presidente. E quem passou a palavra para cada um deles discursar foi o Griô, do Grãos de Luz e Griô, lá da Bahia.


A ONG já foi vencedora do Prêmio Itaú-Unicef, na edição de 2003. Griô é um contador de histórias que percorre pequenos vilarejos da Bahia levando Cultura, cantoria e alegria para todos. E foi o que ele e seus amigos fizeram novamente naquele teatro lotado.


Para cada um que ganhava a palavra, havia uma música e uma apresentação da pessoa, em cordel. E o primeiro a falar foi o Célio Roberto Turino, que descreveu o que é um Ponto de Cultura: "é a simplicidade, um ponto de convergência, um ponto de paz. Uma incubadora de iniciativas sociais."


Depois, olhou para a platéia e escolheu um Ponto de Cultura para falar sobre o trabalho. O escolhido foi a Acartes, ou melhor a Academia de Ciências e Artes, um espaço conquistado na favela do Pirambu, em Fortaleza. A instituição era representada na platéia pelo Damasceno, cujo sobrenome eu não sei, porque Roberto Turino só o chamava pelo primeiro nome, como um velho amigo.


"A primeira vez que fui em Pirambu para conhecer a Acartes, eles funcionavam em uma casinha amarela, minúscula", conta. Mesmo em um espaço limitado, já aconteciam diversas ações. "Meses depois eles se tornaram um Ponto de Cultura e receberam um investimento pequeno do Ministério. Quando voltei lá, o Damasceno já tinha aumentado o espaço. Depois, com a segunda parcela depositada, eles construíram mais um andar e fizeram um estúdio audiovisual."


Recentemente, Turino voltou a Pirambu e viu mais um andar na casa e, em cima desse novo espaço, um mirante. "Fizeram um mirante para ver o mar e eu nunca tinha visto o mar lá de Pirambu. É isso que queremos com os Pontos de Cultura. Ganhar o mar, o oceano, o horizonte."


Depois de Turino, falou Augusto Boal, o pai do Teatro do Oprimido. Sempre contudente, o discurso mereceu ser todo gravado ao invés de anotado, só que, por problemas de conexão, eu não consigo transferir o vídeo para o blog. Prometo colocar toda a falar de Boal assim que chegar em São Paulo, mas o teatrólogo falou, principalmente, sobre a importância da valorização da cultura nacional.


Em seguida, veio o Prefeito Fernando Pimentel, feliz com a possibilidade de realizar o evento em Belo Horizonte. "O Teia simboliza e expressa toda a democracia do nosso País". E ressaltou a importância de se ocupar os espaços públicos, como o evento fará nos próximos dias também. "Sejam bem-vindos a Belo Horizonte. Aqui é a casa de todos, a casa do Brasil."


O Gil foi ao microfone de novo para ressaltar a importância do TEIA. E então, Lula fez uso da palavra. Mais um bate-papo do que um discurso, como está acostumado, o presidente contou até piada, mas disse, sobretudo, o fato do TEIA dar a possibilidade para o Brasil conhecer o Brasil. "O que a gente quer é um povo culturamente mais exigente, mais brigador. Que não valorize a cultura estrangeira, em detrimento da sua própria".


Diante da platéia, assumiu o compromisso de lutar pela legalização das rádios comunitárias e amansar as punições e as prisões para quem é pego fazendo rádio sem estar legalizado.


"Muita gente nesse país nunca respeitou esse país. Se vende a idéia de que nós somos inferiores e tem gente que compra a idéia. Vocês, Pontos de Cultura, são necessários. Não são vocês que precisam do governo. O governo pode abrir esse espaços. Somos nós que precisamos de vocês. É o estado brasileiro que precisa de vocês."


Eu gravei muitos trechos da fala do Lula e também prometo, depois de editar, colocá-los por aqui.


"Cultura é tudo o que está além do que temos a comer e a beber"

A princípio eu não veria o Lula porque o evento só seria para convidados ou para quem tivesse conseguido credencial de imprensa lá em Brasília. Então ali, no meio da muvuca, onde milhares de pessoas se espremiam e acotovelavam para pegar um broche que dava direito a ouvir e ver o presidente, cantar junto com o Griô, ver a Tônia Carrero ganhar a Ordem do Mérito, uma boa alma me colocou um brochezinho nas mãos. "Vai lá, pode entrar. Mas esse te dá o direito de ficar junto com o povão!"

E logo eu que me junto na arquibancada para ver os jogos do Corinthians todo fim de semana ia me importar logo com isso? Eu queria era mais! E fui.


O Cacique Raoni, também condecorado

A Ordem do Mérito Cultural foi o primeiro evento. Como eu já disse, 43 artistas, mortos ou vivos, que desempenharam ou desempenham algum papel relevante na Cultura brasileira, foram condecorados com a Ordem. Desde a banda Cabaçal, do sertão cearense, formada há 100 anos; até o Cao Hamburguer, diretor do Programa Rá-tim-bum; passando pelo Nós do Morro, o Clube do CHORO de Brasília; o estilista Ronaldo Fraga; a Escola de Artes e Circo Picolino; o Cacique Raoni; e outros tantos que eu vou colocar depois em outra postagem, com a lista completa.


Isso só para citar os vivos, porque em memória teve homenagem para Glauber Rocha (e sua própria mãe foi receber), Tom Jobim, Luiz Gonzaga, Cartola.


Depois, foi passada a palavra para o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, que apresentou o Programa mais recente do MinC, o Mais Cultura. "Há um mês, apresentamos esse Programa que pretende envolver diversos Ministérios, os governos municipais, a sociedade civil, empresas privadas e públicas, para dar mais acesso à cultura para os brasileiros", contou Gil.


E defendeu a cultura como uma das prioridades da cesta básica de todos nós. "Cultura para saciar as necessidades humanas e espirituais. Cultura é tudo aquilo que nos resta além do que temos a comer e a beber. É tudo o que processamos e produzimos para além do ar que respiramos", poetisou.


O Ministro Gil entregando a Ordem para o antropólogo e militante do movimento gay Luiz Mott

Então, falou do investimento previsto para a Cultura nos próximos dois anos. "O Governo Federal investirá 4,7 bilhões em ações culturais. Pretendemos estabelecer parcerias com todos os Ministérios possíveis: saúde, educação, meio ambiente, ciência e tecnologia, esporte e lazer. Até com o Ministério da Justiça". O que quer Gil? Resultados. "Modestos, que sejam, mas reconhecidos pelo povo brasileiro."


A entrega da Ordem do Mérito Cultural desse ano teve como tema "Arquiteturas, cidade e território" e entregou uma condecoração ao arquiteto Oscar Niemeyer, que completou 100 anos em 2007. "Resolvemos homenagear Niemeyer porque ele nos fez encontrar no Ocidente um lugar diferenciado e totalmente brasileiro. Ele é a idéia viva de que os equipamentos culturais devem ser marcos no território", completou Gil.


O Ministro também defendeu que a Cultura não deve estar nas mãos de poucos privilegiados, mas deve ser reconhecida o tempo todo. "É algo a ser colocado em praça pública. Não deve acontecer apenas quando movimentos de proporções gigantescas são erguidos, mas quando pequenos movimentos são reerguidos. Quando, por exemplo, entramos em um restaurante para comer um tutu de feijão", se referiu a um típico prato da culinária mineira.

Kanuá Kamayurá recebendo sua condecoração



Por fim, ressaltou o trabalho desenvolvido pelo índio Kanuá Kamayurá, também ganhador da Ordem. "Nesse mundo que terá de se reinventar para salvar o seu meio ambiente, Kanuá nos mostrou toda a sua inteligência ambiental. Ensinamentos que a Universidade deve às comunidades indígenas. Espero que você veja nessa condecoração o reconhecimento de um saber maior que não pode ser expropriado como vem sendo."

Mãe, eu vi o presidente!

Dona Marlene e sua filha Mariana

Olha, eu não sei com vocês, mas comigo isso não acontece todos os dias. Aliás, nem comigo e nem com a menina Mariana Nobre e sua mãe, Marlene Ângela. As duas vieram de uma cidadezinha de Minas Gerais chamada Capitão Andrade para representar a Escola Municipal Professor Juracir Nunes da Silva. Mariana tem 13 anos, estuda lá na quarta série e trouxe a mãe, de 47 anos, para conhecer o Lula. A mãe, que é africana e não entende, nem fala muito bem o português, acompanhará a menina nos outros quatro dias de evento. "Espero ver aqui o melhor de Minas e o melhor do Brasil", se fez entender Dona Marlene. Que assim seja!

Na porta do Palácio das Artes, Jânio Rocha segurava seu filho de quatro anos nos braços, entusiasmado para ver o presidente. "Sabe quem estará aqui hoje?", perguntei para o menino, puxando conversa. "Sei, o presidente. Ouvi no rádio", ele respondeu, com toda a segurança que só um menino bem informado pode demonstrar. O pai, que esqueceu de levar a câmera, resolveu improvisar ao ver a minha: "Tira uma foto do Lula para mim e manda no meu e-mail?". Já mandei.

Gente importante

São 21h40 e acabei de chegar da abertura do TEIA 2007 e da entrega da Ordem do Mérito Cultural para 43 artistas, intelectuais, arquitetos, teatrólogos, cineastas, escritores, poetas, músicas, atores, pensadores e etc.

As cerimônias, uma seguida da outra, ocorreram no Grande Teatro do Palácio das Artes, bem ao lado do Parque Municipal.

Logo na entrada do Palácio, uma enorme quantidade de pessoas, veículos de TV e policiais anunciava que o evento seria importante, com a presença de pessoas não menos importantes. Além dos 43 condecorados, estariam ali também o prefeito Fernando Pimentel, o Secretário da Cultura Juca Ferreira, o Secretário de Programas e Projetos Especiais Célio Roberto Turino, o Ministro de Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia, o Ministro do Desenvolvimento Social e do Combate à fome Patrus Ananias, o Ministro da Cultura Gilberto Gil e o presidente da República Luís Inácio Lula da Silva.

Vem aí, os semifinalistas do Cultura Viva!

O Teia marcará também o encontro dos 120 semifinalistas da 2º edição do Prêmio Cultura Viva, que se reunirão a partir de amanhã no Conservatório Mineiro de Música, prédio tombado pelo patrimônio histórico.

No encontro, além de se conhecerem, eles participarão de uma formação desenvolvida pela equipe do Prêmio.

Os semifinalistas do Cultura Viva vêm de todas as partes do Brasil e começaram a chegar hoje cedo, no Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Ficarão em grupos distribuídos em três hotéis do centro da cidade, bem próximos a todos os locais onde ocorrerão os eventos do TEIA. Todos receberão a programação do evento, publicações do Cenpec, uma camiseta do Cultura Viva, uma camiseta do TEIA e o convite da aula-espetáculo de Ariano Suassuna, amanhã, às 9h.

Eu também já ganhei meu convite! Oba!

Vistas de hotel

Essa é a vista da janela do meu quarto, no 16º andar do hotel. A Igreja de São José foi a primeira projetada para a nova capital de Minas Gerais. Inaugurada em 1906 é um dos principais pontos turísticos de BH e recebe diariamente 1500 pessoas. Nos fins-de-semana esse número chega a 5 mil.



Já essa é a vista do quarto de parte da equipe do Prêmio Cultura Viva, em outro hotel. As árvores, o coreto e o lago dos barcos fazem parte do Parque Municipal de Belo Horizonte, bem no centro de BH.

Feira Mineira de Economia Solidária

Os preparativos para a Feira, que começa amanhã na Serraria Souza Pinto, estão a todo vapor. Passei por lá novamente para pegar o meu credenciamento e vi que alguns stands já tem produtos expostos, como essas bonequinhas:


e essa pintura em madeira:


Ainda não sei de qual Ponto de Cultura são, porque ainda não havia os nomes, nem ninguém para dar informação. Amanhã descubro e conto tudo para vocês.

E sobre o hotel...

Ah, faltou dizer que quando cheguei o quarto de hotel estava reservado e me esperando, sem nenhum grupo de Dança Catira dentro, como tinha dito em alguma postagem para baixo. Mas quando fui tomar um banho, o chuveiro não funcionava! Saía um fiozinho de água para a parede, outro para outra e outro para a cortina que protege o chuveiro.

Reclamei na recepção e achei engraçado quando o atendente me disse que chamaria o bombeiro para arrumar urgentemente. Então me lembrei que em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, quem faz consertos na parte hidráulica é chamado de bombeiro. Em São Paulo é encanador mesmo.

Outras curiosidades: aqui, assim como no Rio novamente, o cobrador de ônibus é trocador. E o semáforo é sinal. Lombada é quebra molas.

E enfim, o TEIA 2007

Fachada da Serraria Souza Pinto

Quando desembarquei em Belo Horizonte, entre a escada e as esteiras rolantes do aeroporto, vi uma central de informações do TEIA, com um banner bem grande anunciando o evento a quem chegava na cidade. Ninguém será pego muito desprevenido porque, ao que parece, o TEIA foi bem divulgado por aqui. Em diversos lugares da cidade foram espalhados folhetos, cartazes na parede e mais outros banners.

Acordei cedo e fui andando até a Serraria Souza Pinto, onde o credenciamento começaria às 9h da manhã. Quando cheguei lá, bem antes do horário indicado, dezenas de jovens trabalhavam na montagem do material que seria distribuído para quem fosse participar do evento.

Funcionários correm para deixar tudo prontinho

Outros funcionários corriam para montar os lugares onde ficarão expostos os produtos dos Pontos de Cultura que serão vendidos na Feira Mineira de Economia Solidária.

Esperei meia hora e vi mais gente chegando, então fui perguntar para uma das jovens responsáveis pelo credenciamento se ali também seriam entregues as credenciais para a imprensa. "Sim, mas só a partir do meio dia. Atrasamos um pouco".

Lago dos barcos, no Parque Municipal de BH

Sem muito o que fazer na Serraria, atravessei a rua e fui ao Parque Municipal de Belo Horizonte, também um dos espaços do TEIA. Eu já tinha ido por lá e ele continua limpo, com flores por todos os lugares e senhores e senhoras caminhando, algumas pessoas se exercitando e casaizinhos namorando. Tudo no gerúndio mesmo. Só o Lago dos Barcos, no meio do parque, não me pareceu limpo, mas quem aqui já viu um lago de parque com água limpa?

O Palco em Obras que, apesar do nome, já está pronto para o show de hoje a noite

Depois, foi a vez de dar uma chegada na Praça da Estação, onde foi montado um palco para shows de grandes nomes da música popular brasileira, que serão acompanhados por alguns Pontos de Cultura.

Fiquei andando no centro, procurando uma loja para comprar um cabo que serviria para tirar as fotos da minha máquina, mas, visto que os novos textos daqui do blog estão sem nenhuma foto, não consegui. Tirei bastante foto, de todos esses lugares que citei, inclusive de Belo Horizonte vista do avião, mas ainda estão presas na minha máquina fotográfica. Pretendo, até de tarde, ilustrar tudo o que disse.

Agora vou voltar a andar. Até mais tarde!

O papel e a prática

Do céu, mesmo de noite, dá para ver que Belo Horizonte cresceu mais do que o esperado. Foi a primeira cidade planejada do Brasil e construída a partir de uma concepção urbanística que previa separar os setores urbano e suburbano pela Avenida do Contorno. O projeto do engenheiro paraense Aarão Reis queria construir uma cidade com grandes avenidas, ruas largas, quarteirões simétricos, um parque no centro da cidade. Tudo isso existe, mas de lá para cá Belo Horizonte cresceu, mas cresceu tanto, que extrapolou a simetria e o contorno.

Em Belo Horizonte, 23h

Cheguei em Minas Gerais eram onze da noite. O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Congonhas, região metropolitana de Belo Horizonte, estava lotado, ao contrário da outra vez em que estive por lá, quando ele parecia quase deserto. Naquela época, 90% dos vôos domésticos saíam do pequeno aeroporto de Pampulha, bem menor, mas mais perto do centro da cidade.

Aconteceu com Pampulha o que aconteceu com Congonhas, em São Paulo. Superlotação, tráfego aéreo (quem diria que um dia falaríamos de trânsito congestionado no céu?) e só não chegou ao caos total porque os vôos foram transferidos para Confins, como é conhecido o aeroporto internacional. Ele tem capacidade para atender cinco milhões de passageiros por ano, mas quando o conheci pela primeira vez só alcançava os 400 mil.

Agora tudo mudou. O estacionamento estava lotado e nos corredores um vai-e-vem de turistas e mineiros que entram e saem da cidade. E, apesar de longe, os investimentos na infra-estrutura apontam todos para o lado do aeroporto. "Meu sócio comprou um terreno de 1000 m² há muitos anos perto de Confins por 35 mil. Agora já ofereceram para ele 100 mil", contou um amigo meu, enquanto tentava achar seu carro.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Teia: masculino ou feminino?

Segundo o dicionário Aurélio:

teia. Substantivo Feminino. 1. V. tela (1). 2. Fig. Estrutura, organização 3. Fig. Enredo, intriga. 4. Teia de aranha. 5. Aquilo que prende, que enreda, que emaranha; trama. 6. Gradeamento existente em algumas igrejas, tribunais e salas de sessão publica para a separação dos assistentes (...)

Então, se o próprio dicionário diz que teia é uma palavra no feminino, por que nos referimos como O TEIA 2007? É o pessoal da equipe Educação e Cultura do Cenpec que explica: "Dizemos que é o encontro Teia, o evento."

Simples assim.

"Não há vagas"

O primeiro forte indício de que Belo Horizonte estará cheia nos próximos dias foi a falta de vagas nos hotéis da cidade. Nos hotéis, nos albergues, nas pousadas e nos apart hotéis que pesquisamos a resposta era sempre a mesma: "não há vagas disponíveis entre 7 e 11 de novembro". Caramba! Passamos um dia todo ligando para uma lista interminável de opções até que achamos um, bem perto dos lugares onde acontecerá o TEIA.

A Érica, nossa companheira do administrativo aqui da ONG, fez a reserva, mas ainda assim tenho medo de chegar por lá e encontrar um grupo de dança Catira amontoado no "meu" quarto. Já pensou?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Belo Horizonte, capital do TEIA 2007

Se a primeira edição do TEIA, em 2006, agitou São Paulo, a segunda promete parar Belo Horizonte. Isso porque no ano passado foram 400 Pontos de Cultura lotando o Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera e em 2007 serão quase 600.

Belo Horizonte, segundo a Wikipedia, tem 2.412.937 habitantes e está entre os três municípios com a melhor infra-estrutura do Brasil, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Originou-se por volta de 1718, quando João Leite da Silva Ortiz formou seu pequeno arraial chamado Curral Del Rei, na Serra do Curral. Nascia a freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral Del Rei, oficializada pela Coroa portuguesa em 1748. Muitos anos depois, recebeu o nome de Cidade de Minas e só então Belo Horizonte.

Hoje, a maior cidade do estado mineiro é também a capital de Minas Gerais, mas nem sempre foi assim. BH só se tornou capital em 1897, durante o governo de Crispim Jacques Bias Fortes. Antes disso, a capital mineira era a cidade histórica de Ouro Preto.

O Cenpec no TEIA 2007

A partir de quarta-feira, dia 7 de novembro, o Cenpec estará na cobertura do TEIA 2007, evento do MinC e da Petrobras.

Para agilizar a cobertura e tentar mostrar os melhores momentos do maior encontro de cultura do País, montamos esse blog, que pode ser acessado pelo site do Cenpec ou pelo endereço: http://cenpecnateia.blogspot.com.

Pretendemos publicar nesse espaço textos, vídeos, fotografias e arquivos de áudio para que todos, mesmo aqueles que não estiverem por lá, possam ter a oportunidade de viver um pouco do que a cidade de Belo Horizonte estará vivendo durante cinco dias.

Boa leitura, informação e divertimento. Porque isso também é Cultura!